2020 e as lições do caos
No penúltimo mês do ano, as (nem tão) tímidas decorações natalinas que aparecem sem aviso, nos lembram que 2020 está chegando ao fim. Dizer que foi um ano estranho seria simplista demais para explicar o que sentimos ao longo dos últimos meses, que por vezes pareciam anos ou décadas, e por vezes passavam num sopro, como se fossem parte de um sonho do tipo que a gente demora alguns minutos depois de acordar pra confirmar que não foi de verdade.
Muitas vezes eu desejei que esse ano não fosse verdade, mas na última volta do ponteiro, depois de muito medo, incerteza, adaptação e decisões tomadas me sinto ainda e novamente capaz de agradecer pelas pequenas conquistas e pelos avanços que foram antecipados pela necessidade que tivemos (junto com o resto do mundo) de seguir em movimento, de seguir andando pra frente, mesmo com algumas pausas e passos pra trás.
No ano em que completamos vinte anos de existência, nos conectamos intensamente com os nossos porquês, com os motivos de existirmos e com as transformações das quais ainda queremos fazer parte. Pensar nisso é grande demais! E é isso que nos lembra diariamente que não importa há quanto tempo existimos, nós seguiremos sempre aprendendo e precisando de muitas conexões pra fazermos sentido. E é sobre essas conexões que eu quero falar hoje.
Falar com pessoas, que assim como nós escolhem se aventurar nessa vida trabalhando com e por outras pessoas. Que fazem parte da gestão de outras empresas, de outros negócios, de outras causas, que invariavelmente envolvem a gestão de gente. Falar com quem se interessa e estuda esse tema ou que tem alguma ideia muito massa que se conecta com as nossas de alguma forma. Hoje queremos falar de parceria. Dessa nossa consciência de que não sabemos tudo, não fazemos tudo.. De que precisamos de uma rede de verdade pra mudar o mundo e a relação das pessoas com o trabalho. Esse é um convite para maiores e mais profundas conexões.
E é pensando nessa lógica do que temos pra entregar e do papel que queremos ter na vida das pessoas que eu vou falar das nossas premissas básicas. Que regem nossas ações, nossos esforços e nossos encontros…
Premissas da Estagiar
- As primeiras escolhas influenciam amplamente todas as nossas escolhas. Isso quer dizer que ter uma boa experiência inicial pode te ajudar em muitos aspectos do desenvolvimento. Pode contribuir para a construção de uma relação positiva e produtiva com o trabalho. Pode te colocar em contato mais rápido e de forma mais segura com os teus pontos negativos e no desenvolvimento de uma percepção favorável de ti mesma, ou mesmo.
- O processo seletivo precisa ser educativo, pra cumprir seu propósito ético e fundamental com as pessoas mais envolvidas com ele, que são os candidatos. Não, a gente ainda não achou um jeito ideal de fazer isso, e nossa busca é constante por formas de tornar o retorno cada vez mais verdadeiro e mais ferramental, mas estamos sempre buscando inovar na forma, perguntar pras pessoas do que elas sentem falta e quebrar o paradigma eterno desse tendão de aquiles do RH. Já temos produtos hoje, como o programa de estágio que são focados nessa trilha. Assim, ser aprovado ou reprovado na vaga é um dos acontecimentos possíveis, mas participar do processo, vivenciar cada etapa, acaba virando por si só um momento de desenvolvimento genuíno.
- Ser mais humanos e menos recursos. Essa tem sido nossa máxima. A frase que nunca sai da nossa cabeça e que nos fez entender que, embora o nosso faturamento seja fruto ainda de forma bastante majoritária dos clientes empresas que nos contratam, temos um cliente muito importante, que por vezes é candidato, por vezes é estagiário e por vezes ainda não sabe bem o que é. Mas é uma pessoa, com a sua história única, com os seus conflitos e potencialidades e é dando voz pra essas histórias que a gente vai se aproximando de uma realidade muito mais plural, muito mais diversa e que exige um envolvimento muito maior de todos os envolvidos. Porque, vamos combinar, já passou da hora de termos relações mais significativas de trabalho também né?
- Isso nos leva pra nossa quarta premissa, não menos importante e com certeza não final que é relacionada ao impacto. A gente tem consciência que, se estamos trabalhando com o público universitário, isso já faz parte de um recorte sociocultural bastante excludente. A gente não pode fechar os olhos pra realidade do país em que estamos inseridas e para nós é sempre momento de aprender sobre formas de democratizar nosso conhecimento, o acesso ao mercado, tornar o jogo mais justo. De verdade. Mas a gente não tem todas as respostas e cada vez que a gente se abre pra olhar pra isso, surgem mais perguntas.
E por aí, quais são as perguntas que te movem, que te fazem seguir? Quais são os limites e potencialidades da tua atuação e do teu impacto no mundo?
A gente emana essas ideias e se abre pra receber o que reverbera, que outras coisas se criam e se ligam a nós. Vamos trabalhar juntos?
Psicóloga, diretora da Estagiar, mestranda em educação, lutando por relações mais justas e significativas de trabalho. Por escolhas com afeto. “E se fôssemos mais humanos e menos recursos?”
- Posted by Renata Gastal
- On 18/12/2020
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